sábado, 24 de março de 2012
quarta-feira, 21 de março de 2012
"Chamada Geral" de Mário-Henrique Leiria
«CHAMADA GERAL»
«avisam-se todas as polícias
fugiu um homem
tem
olhos muito abertos
duas mãos dois pés
caminha persistentemente
atenção
supõe-se que é perigoso
sinais particulares:
baixa-se com frequência
para fazer festas a um gato
apanha folhas caídas
antes que o varredor as leve
gosta de tremoços
atenção
GOSTA DE TREMOÇOS
repete-se
avisam-se todas as polícias
anda um homem à solta
à solta
atenção
tem-se como certo
que é
realmente perigoso
os aeroportos
já estão sob vigilância permanente
tudo está a postos
não poderá passar
por nenhuma fronteira
que seja conhecida
insiste-se
avisam-se todas as polícias
anda um homem em liberdade
atenção
em liberdade
delações muito recentes
permitem afirmar
que fala com frequência
todo o cuidado é pouco
consta também
embora sem referências concretas
que está sempre presente
nos locais os mais suspeitos
apela-se com insistência
para o civismo de todos os cidadãos
para a denúncia rápida e eficaz
há recompensa
atenção
anda pelo país um homem
livre
não se sabe o que fará
exige-se
a quem o vir
que atire imediatamente
é urgente
atenção
atenção
chamam-se todas as polícias
uma informação
da máxima importância
relatórios afirmam
que frequentemente
sorri com extrema virulência
repete-se o apelo
ATIREM PARA MATAR
NADA DE PERGUNTAS»
poesia...
Tempo de Poesia
Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outo dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia
Todo o tempo é de poesia
Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas qu’a amar se consagram.
Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.
Todo o tempo é de poesia.
Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.
António Gedeão
[1906-1997]
quinta-feira, 15 de março de 2012
terça-feira, 13 de março de 2012
Subscrever:
Mensagens (Atom)